quarta-feira, 27 de abril de 2022

Sobre a internet

 A Internet da década passada era um lugar descolado da realidade. Mas era onde queríamos estar. A dessa década está ainda mais distante do mundo real. E é onde DEVEMOS estar. Perdeu o brilho.

segunda-feira, 18 de abril de 2022

Ontem éramos modernos, hoje somos algo menos que isso.

    

    


Quando será que ficamos ultrapassados? Ou para contextualizar, como o garoto da internet da familia e da vizinhança acabou ficando completamente alheio a tudo o que acontece na tecnologia atual?  Um mistério?

    Lembro-me bem de quando usava meu primeiro computador, ainda com windows 95... Não que eu queria parecer saudosista, pois muito pouco era possível ser feito nessas máquinas. Ainda assim, talvez por essa própria limitação da tecnologia, eu rapidamente me pus atualizado com todo o arsenal de possibilidades daqueles computadores. Na época se baixava músicas em mp3, as montagens com fotos eram o auge da tecnologia, e vários aplicativos estavam disponíveis, embora fosse muito complicado lidar com isso, já que nenhum era completamente bom e usar dois programas para a mesma utilidade frequentemente fazia tudo travar. 

    Por esse mesmo motivo, era necessária uma paciência digna de um enxadrista, pois esses travamentos eram frequentes e muito recorrentes (insira aqui todas as expressões que demonstrem como aconteciam a todo momento, e quão irritantes eram).  Um dos salvadores dessa problemática era o trio impecável, o CTRL+ALT+DEL. Imediatamente após pressionar os 3 botões juntos, a gente conseguia um respiro na forma de uma janelinha que já nos informava qual era o programa que estava puxando mais do que deveria do computador. (Essa combinação ainda existe e é útil, apesar de me parecer menos eficiente por algumas razões). 

    Pois então, para alguns casos mais sérios, onde esses congelamentos de tela e travamentos de audio que insistiam em ocorrer a cada 8 minutos, a solução mais indicada pelos especialistas ( dos corredores das escolas, pelo menos), era a famigerada formatação. Hoje pode parecer coisa simples, e realmente é, já que a maioria dos sistemas operacionais já vem com uma ferramenta super amigável com o nome " restaurar padrões de fábrica". Na época, no entanto, não era assim ( E olha que isso fazem sei la, uns 15 anos? Não é tanto tempo, no entanto, parece ser uma era completamente diferente). Quando precisávamos dar cabo de todos os excessos da máquina ( todos mesmo, já que o HD do computador ficava liso, sem ter nem mesmo o saudoso windows 95), era preciso acionar comandos específicos que davam início ao processo de formatação. Como tudo na computação, era cheio de barras, dois pontos, e umas abreviações que nos faziam sentir hackers, se conseguíssemos realizar a tarefa sem transformar o computador em um peso de papel exageradamente grande. 

Eram coisas do tipo 

C:// A:

A:// FORMAT C

    Aliás, a sequência esta provavelmente bastante errada, mas minha memória afetiva só lembra disso. E a gente lembra do que nos foi importante, mas não necessariamente na sua totalidade ne? ( por isso não me peçam para formatar um computador hoje em dia, pelo menos não os antigos!) Após a formatação, tinha todo o processo de reinstalar os programas tais como o windows, o antivírus, o pacote office.... Era um trabalhão que não acabava mais, e que, por se tratar de um computador dos anos 2000, tinha capacidade de processamento extremamente limitada.... ou seja, esse conjunto de tarefas frequentemente levava 2 dias ou mais. Mas no final disso tudo, e após uns surtos de ansiedade com a possibilidade de um travamento não esperado em um momento não oportuno e que podia levar à corrupção dos arquivos de sistema, se tudo funcionasse bem, teríamos um pc muito mais rápido, "leve" e com menor capacidade de nos estressar nas tarefas simples do dia a dia.  

    Aí que chega a questão que coloquei no início do texto: alguém com toda a coragem, disposição e ousadia para "consertar" o computador que estava com muitos travamentos, e que se aventurava em todas as novas tecnologias de programas da época, hoje se vê completamente perdido em meio a tudo o que acontece.  Não me entendam mal. Não é que eu não saiba o rumo que as coisas tomaram. Não é que eu não saiba mais usar nada. O que acontece é que hoje a tecnologia está tão focada em mídias sociais e telefones celulares, que grande parte do que é novidade hoje é "qual o filtro algum fulano usou na foto", ou "qual programa usou para editar um video tal". 

    Por um lado, eu sei que a tecnologia avançou eras nesse meio tempo. a miniaturização dos componentes eletrônicos permitiu que telefones celulares atuais fizessem o que meu antigo pc com windows 95 jamais sonhasse fazer. hoje se faz chamadas de video sem travamentos, se chega em qualquer lugar facilmente com os aplicativos de mapa associados a GPS, isso tudo sem falar nos jogos com realidade aumentada, tais como pokemon Go, e músicas ilimitadas no Spotify, ao simples toque dos dedos, sem nenhum tempo de espera para que a música seja "baixada". 

    Por outro lado, muito se lê sobre "aprender programação", que é a "coisa do momento". Isso, claro, além da "ciência dos dados". Mas isso é o que de fato me incomoda. A forma como tudo é colocado faz parecer que se aprende programação em 2 meses. Aí me pergunto: o que alguém que aprendeu essa programação expressa consegue fazer de útil? Porque me lembro que quando cursei "computação" na faculdade, fiquei 6 meses estudando o fatídico programa "turbo pascal" e que so me permitia criar coisas bobas tais como um programa que conta quantos meses com 31 dias tal ano vai ter, e coisas do gênero.  Além disso, a questão da manipulação dos dados me é muitíssimo confusa. Atualmente se fala muito em dashboard. Mas o que seria isso além de um infográfico ajeitadinho? Deve ser bastante coisa, já que tem muitos investindo pesado nisso e até conseguindo bons empregos exclusivamente por conta dessa competência.   Isso tudo elevado a enésima potência quando aliado à possibilidade de trabalho remoto via home office. 

    A idéia que fica é que hoje so precisamos saber ler para conseguir acessar as funções básicas de qualquer aparelho, já que a maioria vem configurada de forma a ser mais " user friendly" possível. No entanto, isso abre um leque tão extenso de possibilidades, que muitas vezes ficamos em círculos tentando chegar à solução de um dado problema.  E é nesse momento que me pergunto: quais são as habilidades que em teoria deveríamos ter nessa década? saber formatar um computador antigo já nao parece um feito razoável.  Ao que me parece, tudo está caminhando na direção de influenciar consumidores em redes sociais, ou seja, saber editar videos para colocar na plataforma.... fazer layouts bonitos para a plataforma... e saber se comunicar bem, para a mesma finalidade. 

    Talvez o excel tenha tido algumas inovações, falam sobre isso nas propagandas do youtube... Saber trabalhar com ilustração gráfica parece útil também.... Mas como eu ja percebi, e vocês também, estamos em um período muito confuso. 


quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Viajando de malas leves, parte 1

“Eines Tages fällt dir auf
Dass du 99% nicht brauchst
Du nimmst all den Ballast
Und schmeißt ihn weg
Denn es reist sich besser
Mit leichtem Gepäck

Trecho da música "Leichtes Gepäck" (malas leves), da banda alemã Silbermond). 

 

“Um dia você percebe que não precisa dos 99% de coisas que acumulou, e então as coloca em um saco e as joga fora, pois sabe que é muito mais fácil de se viajar com as malas mais leves”.

É o que acabou fazendo sentido para mim, depois de muitas reflexões. Vivemos em um mundo onde somos constantemente inundados de informações. Notícias, promoções, fofocas e marketing, além dos spams e das mensagens muito mal acabadas (provavelmente  munidas de link malicioso querendo instalar um vírus no computador). E quase todas as rotinas atuais começam com uma rápida passada de olhos nas notificações do celular, não é verdade? Como começar bem o dia assim?

Já temos o pico de adrenalina ao levantarmos da cama, ao automaticamente pensarmos em todas as tarefas que temos que realizar, pois o tempo não para, e o trabalho não vai ser feito sozinho. Mas qual trabalho?  É tanto a ser feito..... responder e-mails, fazer o home office, dar aquela faxina no quarto, atualizar o currículo, mandar aquela mensagem pro amigo (que está no vácuo há um tempo devido à correria do dia a dia.... ). E tudo isso aparece na sua cabeça ao mesmo tempo, e logo cedo de manhã!

Ok, decidida a primeira tarefa, vamos ao que interessa. Se você de alguma forma trabalha com textos , já tem uma idéia do pesadelo que é.... Praqueles que tem outros ossos do ofício, um pequeno panorama: imagina o cansaço de ter que mudar o vocabulário toda hora para não deixar a leitura cansativa? “opa, já usei essa palavra... qual devo colocar afim de evitar a repetição? Vou usar o site sinôminos.com”. E aí você percebe que nenhuma das alternativas oferecias pelo site parece se encaixar no significado que o texto pede. Aí vão mais alguns minutos pensando em algo que pode ser colocado ali. A ansiedade bate, o pensamento começa a divagar. E aparece aquela falsa amiga, que está sempre ali pra te ajudar a se livrar desse momento tão desagradável e frustrante. O nome dessa amiga? PROCRASTINAÇÃO.

Para que ficar insistindo em tentar arranjar a palavra perfeita para a sua frase se você pode simplesmente abrir uma aba no youtube e ter um minuto de satisfação? E quando o vídeo acaba, olha a mágica: um outro  já está a sua espera, normalmente relacionado ao primeiro, e estrategicamente selecionado por um algoritmo muito sofisticado, objetivando transformar seu minuto de satisfação em horas de distração desenfreada: uma verdadeira tentação.  Quem impõe limites a nós mesmos? É normal pensar que os dias são todos diferentes, que se hoje o rendimento não é bom, podemos relaxar um pouco e nos dedicarmos amanhã, quando, pelo menos no nosso imaginário, estaremos muito mais dispostos. Uma outra pergunta que eu coloco é: que relaxamento é esse? Uma vez pego pela armadilha do videozinho no youtube, ou na conferidinha do feed do facebook, somos afogados. Chegam até nos uma infinidade de informações não solicitadas. Muitas delas nem são do nosso interesse. Pra que eu quero ver alguém em uma piscina cheia de amoebas? Isso não me relaxa, mas já estou no youtube e o vídeo já começou... “porque será que tem tantas visualizações?” É o que me pergunto as vezes ... e quando acordamos desse torpor, 2 minutos de relaxamento viraram duas horas de distração.  Como dar um basta nisso? Isso é totalmente ,prejudicial?  As perguntas estão no ar.  Mais sobre isso? Cenas dos próximos capítulos.


segunda-feira, 18 de maio de 2020

Guess who´s back

Engraçado que volta e mexe, depois de bastante tempo lembro que esse blog existe e venho registrar algo. ainda bem que não derrubaram essa plataforma ainda, assim como fizeram com o Orkut ou com o myspace(fizeram? Esse último não estou muito seguro). 
Tanta coisa mudou nesses últimos meses. Alias nos últimos anos... Realizei vários sonhos: viajei ao Japão ( conseguindo me comunicar em japonês), Fiz intercâmbio a estudos ( parte do meu doutorado na Espanha), e comecei a sentir que realmente sou bom no que faço, o que não é pouca coisa, tendo em vista o monte de frustrações que a graduação me causou. Eu diria que minha relação com a química é quase um relacionamento abusivo. Até me entender com ela, ela judiou bastante de mim. Espero que a gente esteja se entendendo ainda nos próximos anos. Preciso passar em um concurso o quanto antes. 
Sobre os últimos meses, loucura total! Me mudei, um vírus desconhecido mudou compleltamente o ritmo da vida de todos.... E além desse crise ainda há o evento "Bolsonaro", que amplifica qualquer efeito ruim desses anos que ele tem estado no poder.
Em vista de tudo o que tem acontecido, acho que é realmente necessário voltar ao blog. Não é só uma questão de desabafo, mas principalmente uma questão de organizar as idéias... sem falar que daqui a algum tempo vou me lembrar de como estavam as coisas nessa época, com a pandemia e tudo. É bom manter registros. 

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Ser adulto

Volta e meia me pego pensando no quanto meu pensamento mudou nos últimos anos. Talvez por experiência. Talvez por decepção. Pode ser a idade e o tempo passando. Quem se importa? Nos próximos posts pretendo explorar um pouco mais esses pensamentos. Destroçar aglomerados de informação intactos jogados no cantinho da memória. Vamos ver no que dá.

Muros beligerantes

Poucos foram os dias de D. Trump na presidência dos Estados Unidos da América e diversos foram os sentimentos encadeados em quem tem, de alguma forma, o pensamento voltado à coletividade. A última e ultrajante novidade foi a construção de um muro na fronteira entre o México e os EUA. "Ah, mas toda nação tem que ter fronteiras sólidas", é o que os mais conservadores dirão. O preocupante é o fato do Sr. presidente ter afirmado que o pagamento será feito não pelo seu país, que é o mais interessado em blindar essa fronteira, mas sim o povo mexicano!
Já dizia o ditado, "Quem convida, dá banquete", então pela lógica, moral, bons costumes ou sejá lá o que mais puder ser evocado, o tal muro deveria ser pago por quem o sugeriu, por início de contas. Alias, sugeriu não, impôs. Esse é o nível de arrogância com a qual Mr. Trump tem tratado o mundo. Segundo os noticiários, tal construção envolverá os custos de aproximadamente 15 bilhões de dólares, montante o qual  certamente o México não disponibilizará por várias razões, dentre as quais a mais importante seria representar fraqueza e subordinação aos Estados Unidos.
Alguns dias depois, após o presidente mexicano cancelar uma visita ao novo morador da Casa Branca, Trump afirmou que de um jeito ou de outro, os mexicanos arcarão com as despesas, e indicou a taxação em 20% de produtos importados do méxico.  Logicamente, o outro lado fará exatamente o esperado, de aumentar os preços em 20% para que não tenha prejuízos. Quem pagará as contas do elefante branco? O cidadão que votou em D. Trump.  Carma.

sábado, 15 de junho de 2013

Blackout

Acabou a luz. As televisões se desligaram, assim como os computadores, videogames, e toda e qualquer fonte de distração, exceto as portáteis. Muitos saíram de suas casas para socializar com os vizinhos. Crianças foram finalmente vistas na rua correndo e se divertindo. O que era barulhento ficou silencioso, e o que era silencioso ficou barulhento. E tudo só porque as tvs e computadores estavam compulsoriamente desligados. Para onde será que estamos caminhando? Será que necessariamente acabaremos como neoeuropeus, aqueles que não olham nos olhos de quem não conhecem, não falam nada além do necessário com quem não tem um mínimo de intimidade? Estaríamos nós perdendo, graças à tão aclamada globalização, aquela essência brasileira, da qual tanto nos orgulhamos e que muitos turistas cruzam o mundo só para conhecer? O que será do nosso cerne quando a nossa sociedade tiver arraigada, nas suas raízes, o extrato do mundo virtual? O que é antigo deve ser modernizado, obviamente, mas o antigo não deve ser esquecido e totalmente substituído. Fica aqui registrado mais um paradigma da incerteza.